A sinergia entre biodiversidade e saúde humana
- EcoSer
- 29 de mar. de 2020
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Existe uma grande conexão entre biodiversidade, saúde e bem-estar humano, que a ampla maioria das pessoas não tem percebido a sinergia dessa relação. Diante dessa verdade fundamental que é pouco considerada para muitos de nós, de modo que grande parte das pessoas agem como se fossem independentes da natureza, como se o fato da supressão da biodiversidade, levando milhares de espécies à extinção e a interferência de funções ecológicas, e consequentemente dos serviços ecossistêmicos, não causasse nenhum efeito sobre as populações humanas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela World Economic Forum, 44 trilhões em geração de valores econômicos – são dependentes da natureza e dos serviços ecossistêmicos, o que significa mais da metade do PIB do mundo. Portanto, a perda de recursos naturais coloca a população em uma condição de vulnerabilidade, tendo em vista que o bem-estar humano está relacionado com o fornecimento de recursos provenientes da natureza. A agricultura e as indústrias de alimentos são consideradas, e respectivamente, o segundo e o terceiro setores com maior dependência dos recursos naturais, e em primeira posição tem-se a indústria da construção (Word Economic Forum, 2020).
A humanidade beneficia-se direta e indiretamente dos serviços ecossistêmicos (Constanza et al., 1997; MEA, 2005) a partir do fornecimento de alimentos, água, ar, obtenção de matéria prima, regulação climática, fertilização do solo, processos de polinização, lazer, ecoturismo, balneabilidade. São exemplos de alguns benefícios que os sistemas ecológicos fornecem aos seres humanos. Entretanto, o atual modelo de vida da maioria das pessoas promove uma série de insustentabilidades que comprometem o equilíbrio ecossistêmico. Afetadas as funções ecológicas dos organismos e ecossistemas, temos a interferência, ou mesmo ruptura, do fornecimento de serviços ecossistêmicos, o que afeta a saúde e o bem-estar humano. Entenda saúde como "[...] um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas, a ausência de doenças ou enfermidades”, conforme estabelece a World Economic Forum.
Existem evidencias crescentes que afirmam que as demandas humanas em torno dos ecossistemas estão atingindo um grau de potencialização, o que pode estar afetando a estabilidade do equilíbrio ecológico (Steffen et al., 2015). Um fracasso em apaziguar esses impactos está agora resultando em perda generalizada da biodiversidade (Butchart et al., 2010; Newbold et al., 2015) e reduções nos benefícios que os seres humanos recebem dos sistemas naturais (Costanza et al., 2014).
É crucial a necessidade do desenvolvimento de um novo paradigma sobre a relação que construímos com os recursos naturais, tendo em vista que existe um vínculo estabelecido entre as populações humanas e os ecossistemas. Ao passo que os efeitos que a natureza promove sobre nossas vidas aplica-se cotidianamente, sendo essencial para a sustentabilidade da própria vida humana a manutenção do equilíbrio dos ecossistemas.
Manuel Cassiano Martins Neto
Fortaleza, Ceará
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REFERÊNCIAS:
BUTCHART, S. H. M. et al. Global biodiversity: Indicators of recent declines. Science, v. 328, n. 5982, p. 1164–1168, 28 maio 2010.
COSTANZA, R. et al. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. LK - . Nature, 1997.
COSTANZA, R. et al. Changes in the global value of ecosystem services. Global Environmental Change, v. 26, n. 1, p. 152–158, 2014.
KHATRI, A. SEMOV, A. Nature loss is eating away at our food supply and diversity | World Economic Forum.
MILLENIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Ecosystems and Human Well-being. Washington, DC.
STEFFEN, W. et al. The trajectory of the Anthropocene: The Great Acceleration. The Anthropocene Review, v. 2, n. 1, p. 81–98, 2015.
NEWBOLD, T. et al. Global effects of land use on local terrestrial biodiversity. Nature, v. 520, n. 7545, p. 45–50, 2 abr. 2015.
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